Faço parte do grupo de pessoas, potencialmente meio doidas, que acreditam no momento certo para ler alguns livros. Talvez todos. Por isso, às vezes, sinto que preciso esperar um alinhamento dos planetas para mergulhar em algumas histórias.

Existem vários autores que eu amo, mas cujos livros eu guardo para esses momentos. Na adolescência, eu li “O Circo da Noite” da Erin Morgenstern, que se tornou um favorito da vida. O curioso é que só peguei para ler outro livro da autora no final do ano passado, apaixonando-me mais uma vez pela sua prosa ao ler “O Mar Sem Estrelas”. Isso quer dizer que eu deveria ter lido antes? Não.

Meu eu mais novo nunca teria compreendido tão bem Zachary, o protagonista deste livro, nem ia conseguir pegar tantas das referências e nuances da trama. Além disso, conhecer Zachary quando tenho uma idade parecida com a dele gera uma experiência muito diferente, pois assim me sinto mais próxima do personagem.

Na primeira semana de janeiro, eu passei alguns dias na casa de uma amiga. Ela também é uma leitora ávida, então acabamos conversando sobre como se tornou difícil para nós duas lermos histórias de Young Adult. É aquilo, fica difícil acreditar que adolescentes estão salvando o mundo quando sinto que nem alguém muito mais velho tem a capacidade para tanto. Dito isso, não quer dizer que nunca retornarei para esse gênero. É só que algum detalhe da narrativa precisa me capturar, ecoar em uma parte ainda desconhecida de mim.

Descobri neste mês também que, na Coreia do Sul, surgiu o gênero Healing Fiction (“ficção para se curar” em tradução bem livre). Tinha lido a sinopse de “Bem-vindos à Livraria Hyunam-dong”, de Hwang Bo-reum, e já me interessado antes mesmo de saber que ele pertencia a tal categoria.

São livros com tramas simples, sem grandes reviravoltas, feitos para refletirmos. Neste, em especial, está presente um grande amor por histórias e protagonistas meio perdidos na vida, coisas que tem em comum com “O Mar Sem Estrelas”. Sim, coisas que sinto profundamente e com que me identifico.

A literatura me salva quase todos os dias, seja lendo ou escrevendo. É o que mantém a minha sanidade. Talvez seja por isso que eu acredite nesse momento certo para ler algo. Afinal, os livros sempre tiveram um timing impecável na minha vida.

Aqui está uma lista de livros que estou guardando para esse tal momento certo. Ainda não os li, então nem posso garantir que são bons. Contudo, tenho muita vontade de mergulhar neles quando chegar a hora.

Por hoje é só

Uma adenota engraçada: o primeiro livro que li de Isabel Allende foi “Muito Além do Inverno”. Eu estava em uma livraria quando ele, literalmente, caiu em cima da minha cabeça. Coloquei-o de volta na estante, mas ele caiu de novo e de novo, até que um monte despencou em cima de mim.

Uma senhora me parou, perguntou que livro era. Ao ouvir o nome da Allende, ela fez o sinal da cruz e disse que eu tinha que levar o livro embora para ler. Estava certa, é claro. A história não só é maravilhosa, como eu precisava dela naquele momento.

Espero que continuemos juntos nesta aventura, agora em 2024.

Até a próxima!

Leia também

No posts found