Volta e meia vejo pessoas comentando que odeiam escrever. Pessoas essas que clamam ser escritoras (e elas são, não se magoem). Entendo as dificuldades, em especial diante do mercado literário. Contudo, eu AMO escrever. Até quando dói, talvez principalmente quando dói.

Posso ser dona de alguma tendência meio masoquista, não sei. Não quero dizer que nunca enfrento inseguranças com a minha prosa. Às vezes, comento com minhas amigas que, se eu não tiver pelo menos uma crise existencial no meio de uma história, então nem faz sentido eu tentar contá-la.

Encarar as sombras faz parte do processo criativo. Mirar o abismo é se desafiar a crescer, e acho melhor do que ficar estagnado.

Vão existir mil e uma frustrações na jornada de qualquer escritor, porém, encarar as palavras não deve ser uma delas. Pelo contrário. Acredito que é importante encontrar um prazer nesse destrinchar; em parir um rascunho, desmembrá-lo, remontá-lo e dar os toques finais até estar polido o suficiente para o mundo.

Quando estou sozinha com o texto, o resto some, mesmo que apenas por um instante. Deixo de pensar no livro como um produto, para vê-lo como é em meu coração: arte. Libertadora, dolorida, intensa, alegre, pulsante.

Como posso odiar aquilo que me faz querer viver? Como posso odiar personagens que sussurram ou cantam, ou gritam comigo, implorando para ganharem rumo?

Tem dias em que odeio todo o resto: as métricas, as redes sociais, as comparações. Pior ainda quando estou me odiando, sentindo-me um verdadeiro fracasso. O mundo se torna muito grande, e eu, muito pequena. Nada do que eu faço parece ser o suficiente.

Ainda assim, pela escrita, decido dar o meu melhor. Seja lá o que ele for no momento, uma frase ou um capítulo. Sem ela, sinto-me sufocada, enlouquecida. Sei que pareço dramática, mas nem me importo. É a verdade.

O desconforto ocasional faz parte da vida, e, como escritora, decidi que as minhas histórias vão abraçar os leitores. No entanto, isso não é o mesmo que parar de me desafiar. Toco e limpo feridas, faço amizade com o abismo. Continuo respirando, continuo escrevendo. Escolho amar cada parte disso.

É a edição de dezembro e, apesar do tema ter nada a ver com o natal, preferi não ignorar o elefante fantasiado de rena presente na sala de estar. Estou longe de ser uma pessoa natalina, mesmo assim, aqui temos algumas histórias dentro do tema:

Prometo que todas essas histórias são gostosinhas, até para um Grinch como eu.

Por hoje é só

Ainda temos uma news poética neste mês, mas as reflexões e os contos ficam para o ano que vem. Espero que continuem nesta aventura comigo.

Obrigada, como sempre, a vocês por me acompanharem.

Até a próxima!

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