Quando você é um autor iniciante, ainda meio sem noção das coisas, pode pensar que vai se sentar e escrever uma obra-prima no primeiro rascunho. Aí, se você se dedicar de verdade, resolver estudar o ofício, vai perceber que não é bem assim. Nenhuma história fica pronta de forma tão fácil, por mais que a gente queira.

Comecei a reescrever meu projeto atual, por enquanto conhecido como NdI, um romance contemporâneo bem divertido na minha humilde opinião. Fiz a primeira releitura de uma vez, com anotações, para ter um panorama da narrativa. Sempre faço isso para não sentir que estou tateando as cegas na hora de mexer no texto de novo, considero bem útil.
Relendo, fiquei feliz. Não está perfeito, sinto que não vai ser perfeito nem quando estiver finalizado e publicado, simplesmente porque perfeição não existe. Contudo, foi bom ver as qualidades em meio aos defeitos. Escrever exige paciência, mas também afeto. É importante se lembrar disso quando você estiver no meio da sua luta com as palavras. Acredite, é normal as inseguranças baterem. Tem dias em que levamos um belo nocaute, mas outros em que fazemos as pazes com o texto. Isso me leva a um tweet que vi de uma autora que eu admiro muito, a Luizza Milczanowski:

Não temos que encarar a necessidade da reescrita como uma falha. Afinal, ela é uma parte essencial do processo, é quando vamos lapidar a narrativa para que ela possa se tornar aquele lindo quadro que imaginamos. Sei que pode ser difícil, eu mesma já comparei a reescrita com um desmembramento mais de uma vez, seguindo minha veia gótica e dramática ao comparar as etapas da escrita com o processo de Frankenstein ao criar o seu monstro. Entretanto, quero fazer uma distinção aqui, apontar onde essa analogia acaba.
Victor, no fim das contas, detesta a sua criatura na obra de Mary Shelley. Ele deseja a todo custo se livrar dela mesmo quando não tem a coragem para fazê-lo. Não acredito que esse deva ser o nosso destino como autores. Precisamos ter orgulho do que escrevemos, não só quando acabamos a história, mas a cada vírgula ou ponto que surgir enquanto pintamos as suas muitas camadas.
Alguns livros vão exigir mais tempo, demandar sangue para ser feito de tinta. Outros vão nos abraçar e dar adeus antes do que imaginamos. Nenhuma história é igual mesmo. Enfim, tudo isso para dizer que a frase motivacional do dia é: “Escreva sem medo. Edite sem piedade.” (roubada dessa imagem).
Agora deixo aqui alguns livros falando sobre escrita criativa que eu já li ou quero ler, sem nenhuma ordem em particular:
As margens e o ditado, da Elena Ferrante
Sobre a escrita, de Stephen King
A Jornada do Escritor, de Christopher Vogler
Diálogo, de Robert Mckee
Creating Character Arcs, da K.M. Weiland
Por hoje é só!
Se você quiser me acompanhar enquanto eu reescrevo NdI, é só seguir essa thread aqui na rede do passarinho.
Agora, o meu livro não vai se reescrever sozinho, nem o seu. Então vamos ter que nos despedir por enquanto. Até a próxima!