
Tenho um certo pavor de ser meio (ou muito) ridícula. Pode vir dos anos de bullying na escola ou do excesso de noção, da vergonha alheia que pareço carregar por aí pelos outros. Nem é algo que vem de uma preocupação com o que as pessoas vão pensar, está mais ligado a um senso de olhar para mim mesma e querer sumir do mundo.
Sim, apenas este primeiro parágrafo já rende várias sessões de terapia. Sou uma pessoa de crítica afiada, que se leva a sério demais às vezes e com um certo gosto para o drama. Pois é, também fico cansada só de listar meus defeitos. Mesmo assim, sempre falo que queria ter coragem de ser mais ridícula.
Parece haver uma liberdade deliciosa nisso. Abraçar a própria breguice, rir do ego que insiste em inflar quando nem foi convidado. Experimentar sem receios de erros, pois sabe que eles fazem parte. Talvez seja por isso que os meus gêneros literários favoritos todos flertem com tal, digamos, estilo.
Um bom romance precisa de, pelo menos, uma ceninha clichê do casal. Eles vão se beijar na chuva, sair correndo um atrás do outro pelo aeroporto ou soltar uma grande declaração de amor em um momento quase nada a ver.
A fantasia pode apresentar conceitos que beiram o esdrúxulo com a maior seriedade do mundo. É claro que esse jovem traumatizado de 17 anos vai salvar o universo após treinar por um semana e meia com seus novos poderes mágicos, você não sabe que ele foi o Escolhido? Por quem? Pelo autor mesmo!
O terror… Ah, o terror. Leia qualquer livro do Stephen King, de quem sou grande fã. Prometo que vai ter alguma cena que vai fazer você exclamar “mas que porra?” e seguir em frente com uma risada ou um calafrio.
Enfim, tudo para dizer que é importante se divertir. Quando a criatividade se torna parte do trabalho (seja escrevendo, nas redes sociais ou no que for), fica difícil se lembrar desse detalhe.

Pensei seriamente em fazer uma lista de livros que abraçam algum surrealismo sem medo do ridículo, mas lembrei que não tenho dinheiro para pagar um advogado caso alguém se ofenda por acidente no caminho. Apesar de que, prometo, seria um grande elogio da minha parte.
Então trouxe para vocês uma galera já morta para ler, que os seus familiares nunca me encontrem:
Memórias póstumas de Brás Cubas, do Machado de Assis
A curva do sonho, da Ursula K. Le Guin
O castelo animado, da Diana Wynne Jones
Direitos Iguais, Rituais Iguais, do Terry Pratchett (difícil de achar, infelizmente)
São autores incríveis, leiam por sua conta e risco.
Por hoje é só
Comecei a escrever uma pseudo fanfic para uma amiga, que me lembrou como é maravilhoso encarar o texto sem pensar se ele vai ter futuro.
Tenho até agora uma mocinha meio boca suja, um interesse romântico de quem ela gosta de tirar sarro, uma trama que talvez nunca saia desse estágio caótico inicial. Pelos Deuses reais e inventados, como eu amo escrever.
Agradeço a vocês por me acompanharem nesta jornada.
Até a próxima!