Como quem me acompanha pelas redes sabe, eu estou naquela fase de esperar as betas lerem a última versão do meu livro antes de seguir em frente com a reescrita final. Ou, pelo menos, o que eu espero que seja a reescrita final. Então, por um lado, eu estou com esse tempinho livre na minha rotina.

Todavia, o escritor é um bicho inquieto. Eu comecei a trabalhar com um lance de tradução e estou sempre aberta aos freelas que surgem (já mencionei para você que eu faço leitura crítica e diagramação de e-books?). Além disso, já estou brincando com a escaleta da minha próxima história, uma novela também dentro do universo da Trilogia dos Amores e do livro ainda conhecido como NdI. Assim, vejo as horas fugindo de mim.

A sensação é que sempre temos muita coisa para fazer e que precisamos estar sempre ocupados para termos algum valor. Outras pessoas com certeza já discursaram sobre isso de uma forma muito melhor do que eu sou capaz inclusive. Então não vou me aprofundar nesse assunto. O meu objetivo aqui é comentar sobre como isso tem me afetado em um âmbito pessoal, mas que talvez vocês possam se identificar.

Eu aguento ficar sem escrever por alguns dias, penso em como eu preciso descansar e tento sossegar com isso em mente. No entanto, vai surgindo assim uma coceira criativa, uma inquietação que se espalha pelo meu ser até que eu não resista mais. Ficar sem escrever, para mim, pode ser torturante. Tenho no geral uma boa rotina de escrita estabelecida, então ver essas horas vazias me dão imediatamente vontade de preenchê-las. Não porque eu não tenha nada para fazer, mas porque eu só quero fazer uma coisa: afundar-me em palavras.

“Ah, Maria Eduarda, vai ler algo então”, talvez alguns de vocês digam. Sim, poderia ser uma bela saída. Só que isso seria como desejar muito um bolo de chocolate e alguém lhe oferecer uma torta. Pode ser a melhor torta do mundo, mas ainda não é aquele bolo com o qual você estava sonhando.

São ânsias diferentes, mesmo que relacionadas. Somado a isso, há um fato sobre mim que agrava essa situação. Eu sou uma leitora desorganizada, sempre fui e aceitei que sempre vou ser. Leio de acordo com o meu humor, sinto que preciso ler qualquer livro no momento certo para ele. Seja pelo ciclo lunar, alinhamento dos planetas, pelas vontades misteriosas dos deuses que habitam em mim, isso é algo com o que já desisti de barganhar. Se eu pegar uma história no instante errado, sei que não vai funcionar. Na melhor das hipóteses, eu abandono o livro para tentar resgatá-lo em algum futuro incerto ou, no cenário pseudo-apocalíptico, eu vou detestá-lo da primeira a última página.

Sem falar quando a gente pega um livro tão bom, mas tão bom, que ele nos dá vontade de escrever. Aquelas bençãos inspiradoras, que chegam a dar inveja dos seus benditos, malditos, autores. Aí mesmo é que a coceira fica insuportável, misturando-se com uma síndrome de impostor para completar.

Admito que hoje não ofereço nenhuma solução, apenas vulnerabilidades para serem dissecadas. Sejam gentis, em especial consigo mesmos caso se identifiquem com elas. O tempo, coitado, não é um inimigo. Nós é que precisamos encontrar formas melhores de aproveitá-lo, tentar compreender as nossas fases no meio dos dias sempre tão corridos. Se você tiver a chance de comer aquele bolo, ótimo. Senão, tente aproveitar a torta, ela deve estar gostosa também.

Agora deixo vocês com uma lista de alguns lançamentos nacionais desse ano que eu estou doida para ler, só preciso do famigerado tempo para começar. Sem ordem nenhuma em particular, aqui vão algumas histórias totalmente diferentes que merecem a nossa atenção:

E uma menção honrosa a Mia Jones Não Ama Ninguém, da Lívia Medeiros, que vai sair em Maio!

Por hoje é só!

Será que algum de vocês pensou em Proust ao se deparar com o título dessa newsletter? Admito que nunca li “Em Busca do Tempo Perdido”. Tenho vontade, porém entra no que comentei de “momento certo”, seja lá o que isso for.

Enfim, obrigada por me acompanhar nos meus devaneios.

Até a próxima!

Leia também

No posts found