Vou começar com um clichê, mas que é muito verdadeiro: não existe livro perfeito. Não, nem o seu livro favorito da vida é perfeito. Sim, ele é maravilhoso, mas com certeza existe alguém no mundo que o leu e não gostou. Por mais que você queira pensar que isso é uma falha terrível de caráter, acredite em mim, não é.

Resolvi comentar isso porque, como escritora, vi esses dias os dois lados da moeda. De autores que não entendem quando um leitor afirma na resenha que amou, porém não deu as sonhadas cinco estrelas para a história. Também observei pessoas comentando sobre como tiveram experiências ótimas com alguma leitura, mas que não poderiam dar o máximo de estrelas, pois perceberam possíveis falhas na trama.

Vou usar de exemplo o que eu senti quando li “Enraizados”, da Naomi Novik, por recomendação de duas amigas. Ele ilustra muito bem a situação porque, no começo do livro, eu não estava gostando muito. A protagonista e narradora me parecia bem clichê dos anos 2010, meio sem personalidade, mas especial só porque a narrativa precisava que ela fosse. Aí você deve estar pensando: “Meu Deus, você odiou esse livro, Maria Eduarda!”

Pelo contrário, eu adorei. O personagem masculino principal é tudo o que eu mais gosto: um imortal rabugento e bonitão, cheio de magia, que não tem ideia do que fazer com a mocinha pela qual se apaixonou. O livro também tem um sistema de magia muito interessante, além de uma construção de universo maravilhosa. Mas eu estaria sendo honesta se desse cinco estrelas? Se eu ignorasse os problemas que encontrei?

A verdade libertadora sobre o nosso gosto literário é que não precisamos colocar um valor moral nele. A leitura é também entretenimento. Um que pode nos fazer pensar, é claro, mas não tem problema se só estivermos na vontade de nos emocionar ou divertir. Nem todo livro tem a pretensão de ser uma obra-prima filosófica, um grande marco que mudou o seu gênero para sempre. E, pessoalmente, prefiro um livro sincero com o que é do que um incapaz de alcançar o que prometeu.

Então se lembre disso quando você sentir que está adorando algum livro de qualidade duvidosa. Ninguém tem que ficar dando justificativa para o que gosta, muito menos se defendendo por isso. Muitas vezes, só precisamos dizer: “É ruim, sim, mas eu amei. E daí? O que você tem a ver com isso?” e pronto.

Deixo aqui uma lista de livros imperfeitos que são ótimos para passar o tempo, todos bem diferentes, mas com algum toque de fantasia:

Por hoje é só!

Uma pergunta: eu passei a minha adolescência toda sendo muito fã de “Crepúsculo”, dá para perceber por essa edição da newsletter?

Acho que ser fangirl ajuda a gente a criar uma casca-grossa para algumas coisas. Inclusive, isso seria uma tema perfeito para outro dia.

Mas, enfim, ficamos por aqui.

Até a próxima!

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