Voltei a sumir, é, eu sei. Da série de confissões que faço aqui, deixo mais uma — que talvez já tenha feito antes: acho muito fácil sumir. Carrego aquela energia de eremita, ando com pouca bateria social. C’est la vie.

Apareço para declarar oficialmente que dei uma pausa no livro da Floresta, o de fantasia que comentei nas últimas newsletters. Escrita tem disso, devem saber. Ainda mais romances de longo formato.
Esse chegou a uns onze capítulos, com outros planejados, e eu travei mesmo sabendo para onde desejo levar a história. Preciso repensar umas coisas, cortar uns personagens. Enfim, demos um tempo, eu e ela. Tenho a intenção de retornar, apenas não tenho certeza de quando isso pode acontecer, porque devo recomeçar quase do zero.
No meio disso, surgiu outra coisa, que nem sei explicar direito. Estou com cinco capítulos e meio de uma baixa fantasia, mais sombria do que tudo que já publiquei, seguindo uma família bruxa esquisita no sentido ruim da palavra. Ia ser um horror, ainda tem elementos disso, não sei se está crescendo nessa direção de fato. Esses dias arranquei metade da árvore genealógica, sigo ajustando. Quase larguei algumas mil vezes, mas me vejo pensando muito neles e já vislumbro um final para o qual rumar.
Essa trama nasceu de três coisas, enfim, fazendo vocês entenderem o título desta edição da newsletter.
Eu li As Coisas que Perdemos no Fogo, de Mariana Enriquez, estou lendo a passos de tartaruga Nossa Parte de Noite. Também estive pensando na Averrio de Garras, da Lis Vilas Boas, e ando viciada nas fanfics que uma amiga tem escrito para mim, formada por uma mistura maluca de fandoms. Meus protagonistas, inclusive, são inspirados em dois personagens dessas fanfics — com a devida permissão, claro.
Andei os últimos meses sentindo que não conseguia escrever nada, e minhas amigas escritoras disseram que eu estava sentindo falta era de alguma obsessão. Como em muitas coisas da vida, elas acertaram.
Eu comecei a escrever lá na adolescência, porque senti essa pulsão de continuar histórias que me interessavam. De mergulhar, alterar, criar algo dentro desses mundos. Os livros que publiquei também vieram de inquietações.
Por exemplo, A Rainha de Dois Reinos poderia facilmente ter sido uma fanfic de As Brumas de Avalon. Essa semana eu me deparei com um personagem que eu adorava e me toquei que ele usava camisas bem bregas, igualzinho Rodrigo usa em Noites de Insônia.
A Gabriela Teixeira fala sobre o assunto muito melhor do que eu, até porque essa colcha de retalhos que chamamos de influências é a tese de mestrado dela.
Meu ponto é que, lendo as fanfics e escrevendo algumas também, eu me lembrei de como desapegar do perfeccionismo. Ali, não há compromisso algum com a realidade, nem me pego pensando em como vai ser publicar e divulgar a obra. Apenas respiro as palavras, divirto-me. Estava precisando disso, da paixão que move uma boa história.
Não faço ideia se essa baixa fantasia que estou escrevendo vai ver a luz do dia. Já falei para minha amiga que está betando (a autora das fanfics) como posso simplesmente chegar ao fim e engavetar para sempre por perceber que não funciona muito bem a narrativa. Só os deuses da escrita sabem no que vai dar.
De toda forma, estou feliz por a estar escrevendo. No fim, tudo meio que é fanfic de alguma coisa, então vamos nos levar menos a sério, não é mesmo?
Em outras notícias
Falei que não ia publicar nada esse ano, mas acabou que editei um e-book com três contos vampirescos, todos no Rio de Janeiro, que eu já tinha prontos. Aliás, peguei esse universo para escrever a trama aí da família bruxa mencionada, tem sido bem legal expandi-lo para além dos contos.
Planejo lançar lá para outubro, aproveitar a aura de Dia das Bruxas, o que acham?
Nada certo, mas prometo avisar.
Por hoje é só
Cheguei a pensar em dar uma pausa na newsletter, admito. Talvez a migrar de plataforma para um recomeço. Alguém aqui me seguiria para o beehiiv ou algo assim?
Espero que continuemos juntos nessa aventura.
Até a próxima!