Vejo uma urgência nas redes sociais, que é normal ao se considerar que vivemos em um mundo cada vez mais acelerado. Hoje, em especial, desejo falar de uma que parece assolar os escritores novatos: a pressa em publicar o primeiro livro.
Eu entendo o sentimento, pelos deuses, como entendo. A gente quer mostrar trabalho, não é? Ter algo para divulgar, para ganhar o selinho de “autor de verdade”, seja lá o que for que isso signifique no fim das contas.
Acredito que isso acontece também porque o ideal é já termos algum público antes de jogar nosso livro no mundo. A gente se expõe nas redes sociais, declarando nosso título de escritor e fica incomodado demais por não ter exatamente algo para apontar, para as pessoas lerem. No fim, marketing é todo um outro bicho para domarmos, alimentando nossas ansiedades.
Daí vem a pressa; a necessidade de dizer para os seguidores que o querido “vem aí” já vai estar em mãos para ser — não lido — consumido.
E vejo assim um monte de autores estreando com livros, digamos, sem voz. Parece que a galera não se permitiu aquele periodo de experimentação, de se encontrar, de descobrir quais histórias lhe movem ou atormentam. Não se permitem nem estudar, engolindo as dicas rápidas e as tomando como verdade. Esquecem de desenvolver um senso crítico com o próprio texto.
Mas um livro não se escreve em um dia. Não existem atalhos na literatura, esta arte exige um lento artesanado.
Madu, é fácil para você falar, já tem livros publicados.
Aqui eu digo para você que nenhuma dessas ideias foi a minha primeiríssima, nem de perto. Não foram nem a terceira ou quarta, pelo que me lembro. Tive sorte nesse sentido, de viver no universo das fanfics e escrever todo tipo de besteira que me vinha à telha. Minhas histórias originais começaram com uma cópia descarada de Gossip Girl e outra que era uma mistura vergonhosa de tudo que já li de vampiros.
Inclusive, esta última, eu cheguei a insistir bastante. Acabei duas versões diferentes do livro inicial e comecei a esboçar uma continuação, pois queria que fosse uma trilogia. Lá na minha adolescência, se eu soubesse ou tivesse as facilidades de hoje, muito provavelmente teria publicado essa obra mega derivativa que, ainda bem, acabou na gaveta. Esse foi o meu primeiro livro, e que alívio que eu nunca o publiquei!
A gente vai se descobrindo como autor aos poucos. Vai parecer que o estilo se moldou sozinho, que os temas recorrentes apenas brotaram ali na cachola. Não é bem assim, você precisa se dar o espaço para testar ideias e, sim, jogá-las fora quando elas não couberem ou empolgarem mais.
Ainda vou escrever um livro de vampiros — entre hoje e o dia de minha morte, como eu e minhas amigas brincamos —, só que vai ser do meu jeitinho. Vai ser bem melhor assim.
Por hoje é só
Acho que venho pensando nesse assunto por diversos motivos, mas um deles é porque estou me permitindo testar coisas diferentes de novo. Não tive vergonha de dizer para vocês que comecei o ano com uma ideia, mas a guardei para mexer em outra na qual tenho me sentido mais envolvida. Escrever tem dessas coisas, é importante compartilhar as curvas e imprevistos do processo.
Se você já tem experiência, comenta aqui como foi o seu começo na escrita?
Não esquece de mandar essa edição da news para algum novato que talvez esteja precisando se dar um desconto e experimentar algo diferente!
Agradeço por continuar comigo nessa jornada.
Até a próxima!